Informação, webgênero e discurso científico

julho 10, 2012 in Organização da informação em ambientes colaborativos, Relatos de pesquisas

Coordenadora – Maria Aparecida MOURA

Pesquisadora júnior – Adriane LEGNANI

A consolidação dos sistemas de informação cooperativos potencializados pela web 2.0 ampliou significativamente a presença de pesquisadores no contexto digital. Nesse sentido, a cooperação e a troca direta de informações produzidas por esses atores romperam as fronteiras dos espaços considerados eminentemente acadêmicos e científicos e trafegam hoje em sistemas dedicados à vulgarização científica e às trocas cotidianas para além das arbitragens usuais.

Nos últimos anos os pesquisadores passaram a adotar os dispositivos digitais de forma mais sistemática na no desenvolvimento das diferentes etapas da pesquisa , bem como na disseminação dos resultados. Dentre os dipositivos adotados está  o gênero digital (webgenre ou cybergenre),  categoria documental emergente  em termos estruturais e discursivos que possui  traços derivados do caráter multimodal e hipertextual consolidado no contexto da web nos últimos anos.

Nesse contexto, a moderna teoria do gênero assinala, de acordo com Alfonso et al (2009), o importante papel dos gêneros na interação social. O gênero é visto como um fenômeno multidimensional que deve ser definido levando-se em consideração, não apenas os traços textuais, mas também os processos envolvidos na produção e interpretação dos textos.

O projeto tem por objetivo identificar, caracterizar e modelar os processos de interação e colaboração entre os atores sociais na produção colaborativa de conhecimentos  em redes científicas. Adota-se  como mediação as evidências a partir da linguagem, dos discursos e os sistemas teóricos e metodológicos compartilhados pelos pesquisadores de E-Science disponíveis na web em repositórios de informação digital de acesso livre. Tentamos compreender as implicações dos acordos e da interpenetração semiótica sob o discurso científico contemporâneo nos sistemas de organização do conhecimento.

Para atingir este objetivo foram organizadas diversas ferramentas para fazer um retrato amplo sobre o contexto científico contemporâneo do ponto de vista linguagem. A análise contextual tem sido amplamente organizada com o apoio da abordagem semiótica, em especial a semiótica de Peirce.

NA pesquisa foram sistematizadas as estratégias adotadas pelos estudiosos nas construções de novos conceitos científicos nas redes de colaboração. Para isso, observaram–se os espaços sociais semânticos, os blogs científicos e as chamadas de trabalho dos eventos internacionais sobre E-Science estrutura cibernética, Web 2.0, cultura digital, rede sociais acadêmicas, ambientes colaborativos, redação acadêmica, colaboração, e-discovery . Hoje, essas reuniões científicas são responsáveis ​​pelas construções de consensos  em torno dos  novos conceitos compartilhados pela comunidade científica em ambientes digitais.

As informações sobre os conceitos científicos foram coletados a partir dos repositórios de código aberto disponíveis na Internet. Primeiro, foi criado um banco de dados para organizar a rede semântica sobre oa principais expressões e tendências usadas ​​pelos atores sociais. Em segundo lugar, identificamos, por meio das folksonomias – disponível nos espaços semânticos sociais, como o Delicious, conceitos e tags  adotadas pelas comunidades com o objetivo de compreender como os pesquisadores lidam com os temas, os principais documentos eletrônicos disponíveis e a superposição semântica operada no domínio. Nesta etapa, os espaços online para intercâmbios acadêmicos, como Academia.edu e Mendeley, foram analisados ​​a fim de conhecer as tendências sobre o tema entre os cientistas.

A pesquisa adota  como fundamentos teóricos:

  • Teoria semiótica (PEIRCE, C.S.)
  • Práticas de blogging (EFIMOVA, L.)
  • O conceito de dispositivo (AGAMBEN, G. e FOUCAULT, M.)
  • O discurso e a análise do discurso (FOUCAULT, M.)
  • Linguagem de indexação (SVENONIOUS, E., AMAR, Muriel)
  • Socioterminologia  (CASTELLVÍ, M. Teresa Cabré, GAUDIN, F.)
  • Garantia fenomenológica (WARD, M.)
  • Garantia autopoiética (MAI, E. J.)
  • Garantia Cultural (BEGHTOL, C.)