Movimento ambientalista na internet: cartografia de controvérsias

junho 25, 2012 in Organização da informação em ambientes colaborativos

A doutoranda e pesquisadora do Nemusad, Débora Pereira, apresentou na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 alguns resultados da pesquisa “As redes ambientais na internet e a gestão da natureza”, especificamente o mapa dos sites que circulam informação sobre a preservação do planeta em espaços virtuais.

A cartografia de controvérsias é uma metodologia de pesquisa desenvolvida por Bruno Latour e o MediaLab da Sciences Po que ensaia a resposta de uma questão super atual: como medir, em tempos de desconfiança da Web 2.0, a influência das novas redes e dispositivos digitais em discussões democráticas e políticas, como a preservação do meio ambiente? Essa metodologia leva em consideração não somente as fontes ‘oficiais’ ou ‘científicas’ em torno de um determinado conhecimento, mas também o ‘saber profano’, disseminado na blogosfera e em redes sociais. Especialmente para essa pesquisa de doutorado, foram utilizados os programas Navicrawler e Gephi para tagguear (categorizar) e rastrear as relações entre os atores selecionados.

Ao todo, foram visitados mais de três mil sites e categorizados 402, quanto à sua natureza institucional, utilização de recursos informacionais, idioma e política predominante em relação ao que a autora chama de ‘gestão da natureza’. Para encontrar esses sites, foram utilizados diferentes mecanismo de busca (google, goduckgo, yahoo ) para monitorar termos como ‘aquecimento global’, ‘proteção da natureza’, “desenvolvimento sustentável”, “rio+20”, “cúpula dos povos”, entre outros, desde agosto de 2011 a junho de 2012. A orientação é da professora Maria Aparecida Moura.

Abaixo, a apresentação dos mapas, melhor visualizado em tela cheia.

Nos resultados preliminares, é possível visualizar, em relação à gestão da natureza, três grandes clusters emaranhados, em ordem de tamanho: economia verde, ecologia social e ecologia profunda. Estes direcionamentos políticos coincidem com os idiomas, enquanto os sites em inglês são mais ‘economia verde’, que se preocupam com tecnologias para energia renovável e mercado de carbono, os em português e espanhol tem uma ideologia mais voltada para a ecologia social, ou seja, se preocupam mais com assuntos relacionados ao etnodesenvolvimento, mitigação de populações indígenas afetadas por grandes construções e políticas eco-populares.

Entre os sites classificados como ‘economia verde’, é possível visualizar a centralidade dos sites do evento ‘Rio+20’, das Nações Unidas e da UNEP. Já na ecologia social, o Greenpeace se destaca como liderança estrangeira em interação com atores brasileiros, como o movimento Xingu Vivo e o Fórum da BR163. Entre os sites principais da Ecologia profunda, destacamos o coletivo Mongabay e o blog de Lou Gold, este último desempenha um papel importante como conector entre os clusters da ‘ecologia profunda’ e da ‘ecologia social’.

Outros resultados ainda estão em fase de conclusão e serão apresentados em breve. A defesa da tese está prevista para fevereiro de 2013. Débora Pereira faz, de agosto de 2011 a setembro de 2012, estágio sanduiche em Paris, no Centre Edgar Morin e no Institut Télécom, que também possui um curso de cartografia de controvérsias, chamado Ética das TICs.

Links relacionados:

– Site do pesquisador Tommaso Venturini.

Site das cartografias realizadas pelos alunos dos cursos ligados ao projeto MACOSPOL.

– Tutorial para a elaboração de cartografias de controvérsias.

– Site Dispositivo de Visibilidade, da professora Fernanda Bruno da UFRJ.

– Site de André Lemos para a disciplina Cartografia de Controvérsias, UFBA

 

Abaixo, vídeo de Tommaso Venturini e Paul Girard sobre o trabalho do MediaLab: